quinta-feira, 30 de junho de 2011
Caminhei até onde
as tabuletas de pedra estavam:
destroçei minhas unhas e as pontas dos meus dedos
e quebrei o pulso e arruinei os ossos e os nervos nos braços
enquanto as porções de sangue vazavam dos punhos fechados.
eu tentei destruir
com uma humanidade interior antiga e estúpida
o que os gigantes de carne e aço e artérias cheias de petróleo
escreveram há três mil séculos usando
esses seus dentes amarelos, enormes como prédios de Manhattan.
Mas a frieza e a absoluta invulnerabilidade da pedra
já me haviam corrompido anos antes de nascer em mim quem sou.
e não pude, não tive forças nem coragem; e foi quando tentei
chorar, assim como o Poeta fez. Mas a mim também não me foi
permitido demonstrar fraqueza à luz da noite.
Eu quis ter arrancado meus olhos porque já não seguiria
um caminho humano de vigília e combate; a escuridão,
tinha corpo, era cálida, seu cheiro me guiava e seu sorriso
não precisava ser visto porque brilhava além da visão ordinária.
Eu quis ter arrancado meus olhos porque me sentia em casa, enfim.
As leis talhadas nas tabuletas de rocha:
Não podendo destruí-las, eu apenas me levantei e ri.
E agora meu riso ecoa corroendo deuses e corrigindo mundos.
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